Você já percebeu como, ao longo da vida, as perguntas que fazemos sobre propósito mudam? Talvez, quando era adolescente, você se perguntasse “O que quero ser quando crescer?”. Mais tarde, já adulto, a dúvida pode ter virado “Será que estou no caminho certo?”. E, na maturidade, pode surgir a reflexão: “O que deixarei como legado?”. A busca por propósito é uma jornada contínua, que se transforma conforme amadurecemos, e entender isso pode trazer mais leveza e clareza para a sua saúde mental.
Eu, Dr. Thiago Dias, vejo no consultório como cada fase da vida traz desafios e oportunidades únicos para a construção de sentido. Por isso, te convido a refletir comigo sobre como o propósito se manifesta em diferentes momentos e como podemos cuidar da nossa mente durante essa caminhada.
Esse texto não é só sobre psiquiatria, psicologia ou você. É sobre o conhecimento fundamental da vida e para onde guiamos nossas ações. Acompanhe.
As fases da vida e o propósito
Primeiramente, vamos entender que a vida é feita de ciclos. Cada fase traz perguntas, desejos e necessidades próprios. Vamos olhar, de forma simplificada, para três grandes momentos: adolescência, vida adulta e maturidade/terceira idade. Em cada um deles, a busca por propósito assume formas diferentes, mas sempre influencia nossa saúde mental.
Detalhamento das fases
Adolescência: o início da busca
Na adolescência, tudo é novidade. É o momento de descobrir quem você é, experimentar possibilidades e, claro, enfrentar dúvidas sobre o futuro. Perguntas como “Que profissão vou escolher?”, “Quem são meus verdadeiros amigos?” e “O que me faz feliz?” são comuns. É uma fase marcada por inseguranças, mas também por sonhos e energia para explorar o mundo.
A psicologia do desenvolvimento, como bem aponta Erik Erikson, destaca que a construção da identidade é o grande desafio desse período. O propósito, aqui, costuma estar ligado à busca de pertencimento, à formação de valores e à vontade de fazer diferença. Não é à toa que muitos adolescentes se envolvem em causas sociais, esportes ou movimentos culturais.
Vida adulta: propósito, carreira e relações
Na vida adulta, as perguntas mudam de tom. Agora, você pode se perguntar: “Estou realizando meus sonhos?”, “Minha carreira faz sentido?” ou “Como equilibrar trabalho, família e vida pessoal?”. É uma fase de escolhas importantes, como profissão, relacionamentos e projetos de vida.
Aqui, o propósito costuma estar atrelado à realização profissional, à construção de uma família ou ao desejo de deixar uma marca no mundo. Muitas pessoas, no entanto, sentem-se pressionadas a corresponder a expectativas externas, o que pode gerar crises existenciais e até quadros de ansiedade ou depressão.
A literatura mostra que adultos que percebem sentido em suas atividades têm melhor saúde mental e física. Um estudo publicado no “JAMA Network Open” (2019) revelou que adultos com forte senso de propósito apresentam menor risco de mortalidade e doenças cardiovasculares.
Maturidade e terceira idade: legado e reinvenção
Na maturidade e terceira idade, o foco se volta para o legado. Perguntas como “O que construí até aqui?”, “O que quero deixar para as próximas gerações?” e “Como posso continuar sendo útil?” ganham força. Muitas pessoas revisitam suas histórias, buscam reconciliações e procuram novos sentidos para além do trabalho.
É comum, nessa fase, a busca por atividades voluntárias, hobbies e novos aprendizados. O propósito pode ser reinventado: não se trata mais apenas de conquistas externas, mas de encontrar paz, transmitir sabedoria e cultivar relações significativas.
A psicologia positiva, com autores como Martin Seligman, destaca que o engajamento em atividades com significado é um dos pilares do bem-estar na velhice. E, segundo a Organização Mundial da Saúde, o envelhecimento ativo está diretamente ligado à sensação de propósito.
Aqui podemos até explorar assuntos como a psicogeriatria. Acesse aqui para entender.
Recomendo a leitura do livro de Martin Seligman: Florescer: Uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar.
Propósito, saúde mental e transições
Dessa forma, olhando para essas fases, fica claro que o propósito não é algo estático. Ele muda conforme você muda. E tudo bem se, em algum momento, você se sentir perdido ou precisar reinventar seu caminho. O importante é se permitir fazer perguntas, buscar novas respostas e, se necessário, pedir ajuda.
Você já percebeu como momentos de transição – como sair da escola, mudar de carreira ou se aposentar – costumam trazer dúvidas sobre propósito? Isso é natural. Nessas horas, conversar com amigos, familiares ou profissionais pode ajudar a enxergar novas possibilidades.
Metodologias como o IKIGAI, a Logoterapia e o Design de Vida (que você pode conferir nesse texto aqui) podem ser adaptadas para qualquer fase. O segredo está em se perguntar, com honestidade: “O que faz sentido para mim agora?”. E lembrar que, às vezes, o propósito está nas pequenas coisas: um gesto de carinho, um projeto simples, uma conversa significativa.
Propósito é movimento
No fim das contas, buscar propósito é um movimento contínuo, não uma linha de chegada. Cada fase da vida traz novos desafios e oportunidades para se reinventar. Se em algum momento você sentir que perdeu o rumo, não se cobre tanto. Faz parte do processo.
Se as perguntas estiverem pesando ou se o vazio parecer grande demais, não hesite em procurar ajuda. Aqui no Instituto Alceu Giraldi, nós acreditamos que cuidar da mente é fundamental para viver uma vida com mais sentido. E você merece trilhar esse caminho com leveza, curiosidade e coragem para se reinventar sempre que precisar.
Que tal se perguntar hoje: “Qual é o propósito que faz sentido para mim neste momento da vida?”
