Com o vasto acesso à informação fácil que temos nos dias de hoje, principalmente, pela internet, fica difícil fazer a distinção do é verdade e do que não deveria nem ser publicado. Juntamente, a crescente de transtornos mentais mundialmente não é auxiliada por esse excesso de mitos que lemos portais à fora.
Aqui, trago para vocês cinco das mentiras que mais vejo sendo espalhadas pela mídia.
Ansiedade é normal e não precisa de tratamento.
Precisa sim. A ansiedade, o transtorno dela, assim como síndrome do pânico entre outras precisam de acompanhamento psiquiátrico e até o auxílio de medicamentos, mesmo que por um breve período, para trazer qualidade de vida para aqueles que sofrem com elas.
Já discuti isso no meu post Preconceito quanto a Psiquiatria, mas muitas pessoas arrumam desculpas e se negam a procurar profissionais por diversos motivos e esse é um dos que vejo mais comuns. As pessoas se acostumam tanto com a sensação constante da ansiedade que acreditam que ela é normal, uma reação cotidiana, e não procuram entender que, quanto mais frequente, pior ela é nas nossas vidas. Transtorno de ansiedade e síndrome do pânico podem ser acompanhados de outros transtornos e podem te estagnar ou até fazer você abandonar sua vida, levando para casos profundos de depressão.
Procure um médico especialista e faça o tratamento corretamente.
Ansiedade é coisa de adulto, de quem trabalha.
Devemos ter muito cuidado ao afirmar certas coisas por aí: ansiedade pode nos atingir desde o nascimento até a velhice. Dados afirmam que a faixa etária mais jovem, entre 20 e 24 anos, é a mais atingida atualmente, principalmente, pela alta taxa de desemprego. A ansiedade, como já discuti em Ansiedade: o que é, sintomas e como tratar, acontece como uma reação às expectativas futuras e a incerteza, podendo acontecer em crianças e adolescentes na escola, dentre colegas, estudos e provas, em adultos que trabalham com incerteza financeira, e até idosos aposentados que acreditam que não possuem mais propósito.
Por isso, não podemos apenas imbuir a ansiedade apenas aqueles que possui uma certa quantidade de responsabilidades na sociedade e muito menos menosprezar os sintomas ou desabafos daqueles que acreditamos não sofrer com nada: transtornos não escolhem a dedo quem vai sofrer com elas ou não. Todos merecem a devida atenção e esforço para ter uma boa qualidade de vida e desempenho, seja na vida pessoal, social ou profissional.
É só manter a calma.
Numa sociedade como a qual vivemos hoje, ouve-se muito aqueles atalhos absurdos para desviar de sintomas ou de certos problemas como: “é só pensar positivo”, “é só ver o lado bom do que está acontecendo”, mas não é assim que as coisas realmente funcionam. Mais recentemente, temos dado de cara com conteúdos extremos nas redes sociais pregando a positividade tóxica, o tipo de conteúdo que gera muito desconforto para quem ouve palavras que deveriam ser de apoio.
Muitas vezes, as pessoas que pronunciam tais palavras, na falta de empatizar com o que o outro está passando, acreditam que estão ajudando aquele de alguma forma a superar seus momentos de turbulência quando, na verdade, estão prejudicando ainda mais a situação. Pense comigo: você olharia para uma pessoa que sofre dores com a perna quebrada e diz “não se preocupe, é só andar!”? Não te soa completamente absurdo? Pessoas que sofrem com transtorno de ansiedade também precisam de cuidados médicos, assim como a pessoa com uma perna quebrada. Não é só pensar positivo, não é só manter a calma.
Em alguns casos de ansiedade é necessário até o uso de medicamentos para controlar as reações químicas no cérebro. Assim, trazendo facilidade para as mudanças que precisam ocorrer na vida do paciente. Lidar com a mente humana é entender que esse poderoso cérebro também pode desregular e precisa de um olhar clínico para compreendê-lo.
Desabafar resolve tudo.
Ter amigos e família presentes para ouvir, compreender e apoiar ajuda muito no processo de tratamento de uma pessoa com transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, depressão e vários outros, mas não deve ser considerado tratamento e, muito menos, colocado como a única necessidade de uma pessoa que sofre com transtorno de ansiedade. O ideal é que haja, sim, esse apoio externo, mas que ele acompanhe o que está já está sendo feito por um profissional.
Às vezes, tendemos a achar que o alívio que o desabafo nos traz é sinal do fim dos nossos problemas. Mero engano: só mascarará os sintomas sem tratar da real causa e gatilhos do transtorno de ansiedade. Não se deixe levar pelos poucos momentos alegres e corra atrás da verdadeira felicidade. Busque profissionais que te ouçam e que possam resolver suas questões.
Um tapa resolve.
Você, com toda certeza, alguma vez, já assistiu algum filme em que o personagem passasse por uma situação de crise de ansiedade ou ataque de pânico e aquele coadjuvante gente boa, sem saber o que fazer, meteu-lhe a palma da mão na cara convicto de que aquilo ajudaria seu amigo a sair da crise. Para você que está aqui lendo, eu gostaria de fazer um apelo: sempre que se deparar com alguém que esteja passando mal de alguma forma, nunca opte pelo tapa na cara. Não ajuda nem na melhor das intenções.
Levar para um ambiente mais tranquilo, empatizar e estar presente para aquele que sofre com a crise vai sempre funcionar mais do que pressionar a pessoa, tanto com palavras quanto com atos físicos extremos, a relaxar de alguma forma. A desinformação que as cenas expostas nos cinemas prejudicam muito a demonstração de compreensão e preocupação em relação ao outro. Devemos, na verdade, nos banhar ainda mais de conteúdos mais enriquecedores como o mais novo filme do Gato de Botas 2, que demonstra uma cena explícita do Gato tendo uma crise e sendo verdadeiramente auxiliado para que ocorra tudo bem.
Se você conhece alguém que sofre com o transtorno de ansiedade, ou você mesmo, entre em contato com nossa equipe. Temos psiquiatras e psicólogos prontos para ajudar em nosso Instituto em São Caetano do Sul ou Telemedicina (Online). Acesse aqui e fale com a gente.