O TEPT significa estresse pós-traumático é uma condição, onde existe forte carga emocional após algum evento. Por exemplo: Imagine uma pessoa dirigindo para o trabalho em uma manhã, quando se envolveu em um grave acidente de carro. Um motorista sob a influência de álcool, colidiu com seu veículo em alta velocidade, resultando em quase morte. Embora tenha sobrevivido ao acidente, o paciente carrega as emoções do evento. Dessa forma, acaba ficando em estado de alerta ao dirigir ou, muitas vezes, não consegue dirigir novamente.
Mas, vamos entender um pouco mais do TEPT.
O que é o TEPT?
Para clarificar a ideia, trago dois sintomas comuns.
- Reexperiência do trauma:
- Começou a ter flashbacks vívidos do acidente. Em situações que lembravam o acidente, como ouvir sirenes ou ver carros de emergência, ficava paralisado com medo, taquicardia pela lembrança do que aconteceu.
- Evitamento:
- Depois do acidente, não conseguia mais dirigir e até mesmo andar de carro, preferindo sempre utilizar transporte público ou pedir caronas. Mesmo em um ambiente “seguro”, começa a reviver mentalmente os momentos de perigo.
Esse exemplo ilustra como o trauma pode causar desregulação severa do sistema nervoso fisiológico, com efeitos que vão além do trauma psicológico e afetam profundamente o funcionamento físico e emocional.
Esse é um exemplo de TEPT em um contexto de acidente, mas o transtorno também pode ocorrer em vítimas de violência, abuso, negligência, guerras ou desastres naturais.
Sintomas do trauma
- Flashbacks: Ele pode ter lembranças vívidas do trauma, sentindo-se como se estivesse revivendo a experiência.
- Pesadelos: Sonhos angustiantes sobre o evento podem interromper o sono.
- Hipervigilância / Ansiedade Tóxica: Pode se sentir sempre em alerta, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer.
- Evitamento: Evita situações ou conversas que o lembre do acidente,
- Sintomas emocionais: Sentir-se emocionalmente entorpecido, com dificuldade de se conectar com os outros, além de irritabilidade ou explosões de raiva.
- Fadiga crônica: A ativação constante do sistema nervoso simpático esgota os recursos energéticos da pessoa, o que pode levar a uma sensação de cansaço permanente, mesmo quando não está fazendo nada fisicamente exaustivo.
- Dissociação: Durante o acidente para lidar com a dor e o medo, a pessoa pode ter aprendido a “se desconectar” de sua própria realidade, uma reação natural do sistema nervoso para se proteger de traumas intensos. Isso pode se manifestar mais tarde em momentos de estresse, onde ela pode sentir-se como se estivesse fora de seu corpo ou vendo as coisas de forma “nebulosa”.
Com mais de 15 anos atuando na psicologia clínica, procurei o que existe de mais atual em pesquisas científicas, para trabalhar com traumas: e desenvolvi uma junção de abordagens exclusivas: Mindfulness e EMDR que são abordagens terapêuticas eficazes no manejo de estresse, ansiedade e traumas.
Tratamento EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares):
O EMDR é uma abordagem utilizada principalmente no tratamento de traumas, como no caso do TEPT, mas também pode ser útil em outras condições que envolvem medo e estresse crônicos. A técnica envolve a estimulação bilateral (geralmente movimentos oculares) enquanto o paciente recorda eventos traumáticos, permitindo que o cérebro reprocesse e reintegre essas memórias de forma menos perturbadora.
Como o EMDR ajuda:
- Reprocessamento de traumas: O EMDR permite que a pessoa reprocesse memórias traumáticas que estão presas no sistema nervoso. Traumas antigos podem fazer com que o cérebro continue a reagir como se o perigo ainda estivesse presente, causando medo constante e desregulação do sistema nervoso. O EMDR ajuda a “dissolver” a carga emocional dessas memórias, permitindo que elas sejam reintegradas de forma mais adaptativa.
- Redução da ativação do sistema nervoso: Ao reprocessar memórias traumáticas, o EMDR diminui a hipervigilância e a ativação excessiva do sistema nervoso simpático, que são comuns em pessoas com TEPT ou com estresse crônico. Isso ajuda a restaurar o equilíbrio entre o sistema simpático e parassimpático, promovendo mais calma e relaxamento.
- Diminuição de reações emocionais intensas: O EMDR ajuda a dessensibilizar a pessoa a gatilhos que antes desencadeavam medo intenso, crises de pânico ou flashbacks. Por exemplo, uma pessoa com TEPT pode reprocessar uma memória traumática de tal forma que, ao ser exposta a um gatilho no futuro, sua reação emocional seja muito menos intensa ou ausente.
- Reintegração de crenças positivas: Durante as sessões de EMDR, o terapeuta ajuda o paciente a substituir crenças negativas associadas ao trauma (“Eu estou em perigo”, “Eu sou impotente”, “Eu estou sozinha”) por crenças mais positivas e fortalecedoras (“Eu estou seguro”, “Eu sou capaz de lidar com isso”), o que é crucial para transformar o estresse crônico em um estado mais adaptativo.
Combinação de Mindfulness e EMDR
- Mindfulness antes do EMDR: A prática de mindfulness pode fortalecer e regular o estado emocional, antes de uma sessão de EMDR para ajudar a estar mais presente e calma durante o processo de reprocessamento. Isso também ajuda a criar um espaço mental seguro, reduzindo a reatividade emocional durante o trabalho com memórias traumáticas.
- Mindfulness após o EMDR: Após reprocessar memórias traumáticas com EMDR, a prática de mindfulness ajuda a consolidar segurança terapêutica, permitindo à pessoa observar suas reações emocionais com mais clareza e evitar recaídas em padrões de estresse crônico. Além disso, pode ajudar a cultivar um senso de aceitação e equilíbrio emocional duradouro.
Mindfulness + EMDR
- Mindfulness: Auxilia na regulação emocional, promovendo atenção plena e calma no presente. Reduzindo o estresse e o medo, ao reequilibrar o sistema nervoso e melhorar a resposta ao estresse.
- EMDR: É eficaz para tratar traumas e medos profundamente enraizados, permitindo o reprocessamento de memórias dolorosas e a redução das respostas emocionais intensas.
Quando passamos por situações traumáticas ou de estresse por longo período. Nosso sistema nervoso fica desregulado. É preciso trabalhar o psicológico e o sistema fisiológico conjuntamente.
Essas abordagens podem ser usadas de forma complementar para ajudar no gerenciamento do TEPT, medo, ansiedade e estresse, tanto em casos de traumas graves quanto em situações de estresse crônico, promovendo maior resiliência e bem-estar.