A depressão é uma das condições de saúde mental mais comuns e, ao mesmo tempo, mais incompreendidas do nosso tempo. Muitas vezes confundida com tristeza passageira ou fraqueza de caráter, ela é, na verdade, uma doença complexa, que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
Vejo diariamente em meu consultório o impacto profundo que a depressão pode ter na vida de alguém — e também o quanto é possível recuperar a esperança e a qualidade de vida com o tratamento adequado.
Neste texto, convido você a mergulhar comigo em uma compreensão mais profunda sobre a depressão: seus sintomas, causas, tratamentos tradicionais e inovadores, como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), e, principalmente, como diferenciar tristeza de depressão. Vamos juntos desmistificar esse tema, quebrar estigmas e mostrar que pedir ajuda é um ato de coragem.
O que é depressão? Muito além da tristeza
Imagine um dia nublado, daqueles em que o céu parece pesar sobre nossos ombros. Agora, imagine viver semanas, meses ou até anos sob esse céu cinzento, sem conseguir enxergar a luz do sol. Essa é uma das metáforas que uso para explicar o que é a depressão.
Não se trata apenas de sentir tristeza — algo natural e até saudável em determinados momentos da vida —, mas de experimentar uma dor emocional persistente, que rouba a energia, o prazer e a vontade de viver.
A depressão é um transtorno mental caracterizado por um conjunto de sintomas que afetam o humor, o pensamento, o corpo e o comportamento. Ela pode se manifestar de diferentes formas e intensidades, variando de quadros leves a graves, e pode atingir qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero ou condição social.
É importante reforçar: depressão não é “frescura”, “falta de força de vontade” ou “preguiça”. É uma doença real, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e que exige tratamento especializado. Aliás, gosto de ressaltar que essas frases pejorativas são caracterizadas como psiscofobia, saiba mais aqui.
Tristeza x Depressão: como diferenciar?
Aqui no Instituto Alceu Giraldi, uma das dúvidas mais comuns dos pacientes é: “Como saber se o que sinto é tristeza ou depressão?” Essa é uma pergunta fundamental, pois a tristeza faz parte da experiência humana. Ela surge diante de perdas, frustrações, decepções — e, normalmente, diminui com o tempo ou com mudanças no ambiente.
A depressão, por outro lado, é persistente e profunda. Não depende apenas de fatores externos e não melhora “sozinha”. Entre os principais sinais de que a tristeza pode ter se transformado em depressão, destaco:
- Duração: A tristeza comum costuma durar dias, enquanto a depressão persiste por semanas ou meses.
- Intensidade: Na depressão, o sofrimento é intenso e pode ser incapacitante.
- Sintomas físicos: Fadiga, dores no corpo, alterações no sono e apetite são frequentes na depressão.
- Perda de interesse: Atividades antes prazerosas deixam de fazer sentido.
- Prejuízo funcional: Dificuldade para trabalhar, estudar ou manter relações sociais.
Um exemplo prático: imagine uma pessoa que perdeu o emprego. É natural sentir tristeza, preocupação, até desânimo. Mas, se após semanas ela continua sem energia, sem vontade de sair da cama, com pensamentos negativos recorrentes e sem esperança de melhora, pode ser sinal de depressão.
Sintomas da depressão
A depressão se manifesta de forma ampla, afetando corpo, mente e relações. Gosto de deixar uma lista dos sintomas mais comuns, mas lembre-se que tudo deve ser analisado.
- Humor deprimido: Sensação de tristeza, vazio ou desesperança na maior parte do dia.
- Anedonia: Incapacidade de sentir prazer em atividades antes apreciadas.
- Alterações no sono: Insônia ou sono excessivo.
- Alterações no apetite: Perda ou ganho significativo de peso.
- Fadiga: Sensação constante de cansaço, mesmo após repouso.
- Dificuldade de concentração: Pensamento lento, indecisão, esquecimento.
- Sentimentos de culpa ou inutilidade: Autocrítica exagerada, sensação de fracasso.
- Agitação ou lentidão psicomotora: Inquietação ou movimentos mais lentos.
- Pensamentos de morte ou suicídio: Em casos mais graves, pode haver ideação suicida.
É importante ressaltar que nem todos apresentam todos os sintomas, e a intensidade pode variar. Por isso, o diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra, que irá avaliar o quadro de forma individualizada. Combinado?
Causas da depressão: uma visão bio-psico-social
A depressão é resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. Gosto de usar a metáfora do “tripé da saúde mental” para explicar esse conceito:
- Fatores biológicos: Incluem predisposição genética, alterações neuroquímicas (como desequilíbrios na serotonina, noradrenalina e dopamina), doenças clínicas (hipotireoidismo, doenças neurológicas) e uso de substâncias. Estudos mostram que pessoas com histórico familiar de depressão têm maior risco de desenvolver a doença.
- Fatores psicológicos: Traumas na infância, perdas significativas, baixa autoestima, padrões de pensamento negativo e dificuldades de enfrentamento do estresse são exemplos de fatores psicológicos que aumentam a vulnerabilidade à depressão.
- Fatores sociais: Isolamento, falta de apoio social, desemprego, violência, discriminação e situações de crise (como a pandemia de COVID-19) podem desencadear ou agravar quadros depressivos.
Por isso, podemos afirmar que a depressão não tem uma causa única. Ela é fruto de uma combinação de fatores, e cada pessoa tem uma história única. Aqui na clínica, sempre todos os psiquiatras buscam compreender o contexto de vida de cada paciente, pois isso faz toda a diferença no tratamento.
O impacto da depressão na vida cotidiana
A depressão pode afetar todas as áreas da vida: trabalho, estudos, relações familiares e sociais, saúde física e até a espiritualidade. Vejo pacientes que, antes ativos e engajados, passam a se isolar, perder rendimento, afastar-se de amigos e familiares. A sensação de incapacidade e o medo do julgamento aumentam o sofrimento, criando um ciclo difícil de quebrar.
Além disso, a depressão está associada a maior risco de doenças físicas, como problemas cardíacos, diabetes e dores crônicas. O corpo e a mente estão profundamente conectados — cuidar de um é cuidar do outro.
Estigma e preconceito: por que ainda é tão difícil falar sobre depressão?
Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que estigmatiza a depressão. Frases como “Isso é falta de Deus”, “É só pensar positivo”, “Levanta e vai trabalhar” são comuns e extremamente prejudiciais. Elas aumentam o sofrimento de quem já está vulnerável, dificultando a busca por ajuda.
Aqui, procuramos sempre desmistificar esses mitos. Depressão não é sinal de fraqueza, mas sim de uma doença que precisa de tratamento, assim como diabetes ou hipertensão. Falar sobre o assunto, compartilhar experiências e buscar informação de qualidade são passos fundamentais para combater o preconceito.
Diagnóstico: o papel do psiquiatra
O diagnóstico da depressão é clínico, baseado na avaliação dos sintomas, duração e impacto na vida do paciente. Não existe um exame de sangue ou imagem que detecte a depressão, mas é comum solicitar exames para descartar outras condições médicas que possam causar sintomas semelhantes.
O psiquiatra é o profissional mais indicado para fazer esse diagnóstico, pois possui formação específica para diferenciar depressão de outras condições, como transtornos de ansiedade, transtorno bipolar ou doenças físicas. O acompanhamento pode ser feito em conjunto com psicólogos, formando uma equipe multidisciplinar. Que na minha experiência é o melhor dos mundos, o mais efetivo.
Tratamentos eficazes para depressão
A boa notícia é que a depressão tem tratamento — e as chances de recuperação são altas quando o paciente recebe o cuidado adequado. O tratamento é sempre individualizado, considerando a gravidade dos sintomas, a história de vida e as preferências do paciente. Vou detalhar as principais abordagens:
01. Psicoterapia
A psicoterapia é uma das ferramentas mais importantes no tratamento da depressão. Existem diferentes abordagens, sendo as mais estudadas:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativo e comportamentos disfuncionais.
- Terapia Interpessoal: Foca nas relações e no desenvolvimento de habilidades sociais.
- Terapia Psicodinâmica: Explora conflitos inconscientes e experiências passadas.
Na minha experiência, essa combinação de psicoterapia com acompanhamento psiquiátrico potencializa os resultados. Pois, cada profissional usa seu expertise de forma complementar para ajudar o paciente. Um aliviando os sintomas e o outro caçando a causa raiz para tratar o elemento central. Reforço esse combo é muito eficaz.
02. Medicamentos antidepressivos
Os antidepressivos atuam nos neurotransmissores do cérebro, ajudando a restabelecer o equilíbrio químico. Existem diferentes classes, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), noradrenalina (IRSN), tricíclicos, entre outros.
É importante ressaltar que os medicamentos levam algumas semanas para fazer efeito e podem causar efeitos colaterais, que devem ser monitorados pelo psiquiatra. O ajuste da dose e a escolha do medicamento são feitos de forma individualizada.
Além disso, há uma outra opção que falarei à frente que é a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) que é um tratamento indolor, não invasivo e que possui excelentes resultados entre nossos pacientes. É uma solução inovadora que está ganhando muito espaço no mercado e evitando medicamentos e efeitos colaterais.
03. Mudanças no estilo de vida
Atividade física regular, alimentação equilibrada, sono de qualidade e redução do consumo de álcool e drogas são fundamentais para a recuperação. Temos diversos casos que provam que o exercício físico, por exemplo, tem efeito antidepressivo, estimulando a liberação de endorfinas e melhorando o humor.
Além disso, também é importante analisar o contexto e cenário que a pessoa está inserida. Algumas vezes se faz necessário mudar de local, de emprego, etc. Por isso que cada tratamento para depressão é individualizado.
04. Apoio social
O suporte da família, amigos e grupos de apoio é essencial. O isolamento social agrava a depressão, enquanto o convívio e o diálogo aberto favorecem a recuperação. Temos casos importantes de pessoas voltando a conviver com amigos e a frequentar espaços para recuperar o ânimo, o humor e gradativamente ir saindo da depressão.
EMT: inovação e esperança no tratamento da depressão
Agora, quero destacar uma das opções mais inovadoras e eficazes no tratamento da depressão: a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Aqui no Instituto Alceu Giraldi, temos orgulho de oferecer essa tecnologia, que tem transformado a vida de muitos pacientes.
Vamos entendê-la um pouco. Porém, caso tenha interesse em se aprofundar, acesse aqui.
O que é a EMT?
A EMT é um procedimento não invasivo, aprovado pela Anvisa e por agências internacionais como o FDA, que utiliza pulsos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro envolvidas no controle do humor. O procedimento é realizado em consultório, com o paciente acordado e confortável, e não requer anestesia.
Como a EMT funciona?
Durante a sessão, uma bobina é posicionada sobre o couro cabeludo, emitindo pulsos magnéticos que atravessam o crânio e alcançam regiões cerebrais relacionadas à depressão, como o córtex pré-frontal. Esses pulsos modulam a atividade neuronal, promovendo o equilíbrio dos neurotransmissores.
Para quem é indicada?
A EMT é especialmente indicada para pacientes com depressão resistente ao tratamento, ou seja, que não responderam adequadamente a pelo menos dois antidepressivos diferentes. Também pode ser uma opção para quem apresenta efeitos colaterais importantes com os medicamentos ou prefere evitar o uso prolongado de fármacos.
Benefícios da EMT
Por isso, podemos afirmar que a EMT oferece vantagens importantes:
- Eficácia comprovada: Estudos mostram taxas de resposta superiores a 60% em depressão resistente.
- Segurança: É um procedimento seguro, com poucos efeitos colaterais (os mais comuns são leve desconforto no couro cabeludo e dor de cabeça passageira).
- Não invasiva: Não requer cirurgia, anestesia ou internação.
- Recuperação rápida: O paciente pode retomar suas atividades logo após a sessão.
Dicas de autocuidado e prevenção
Além do tratamento profissional, algumas atitudes podem ajudar na prevenção e no enfrentamento da depressão:
- Mantenha uma rotina saudável: Horários regulares para dormir, alimentar-se e praticar atividades físicas.
- Cultive relações positivas: Invista em amizades e laços familiares.
- Pratique o autoconhecimento: Identifique sinais de alerta e busque ajuda ao perceber mudanças persistentes no humor.
- Evite o isolamento: Participe de grupos, atividades culturais ou voluntariado.
- Cuide da espiritualidade: Para quem tem fé, a espiritualidade pode ser uma fonte de conforto e esperança.
Lembre-se: autocuidado não é egoísmo, mas uma necessidade para manter a saúde mental.
Quando procurar um psiquiatra?
Se você percebe que a tristeza está persistente, que perdeu o interesse pelas coisas, que o cansaço não passa e que sua vida está sendo prejudicada, não hesite em buscar ajuda. O psiquiatra é o profissional capacitado para avaliar, diagnosticar e indicar o melhor tratamento para cada caso.
Aqui no Instituto Alceu Giraldi, oferecemos uma abordagem acolhedora, individualizada e baseada em evidências. Nosso objetivo é ajudar você a reencontrar o equilíbrio, a esperança e a alegria de viver.
Depressão tem tratamento
Quero encerrar este texto com uma mensagem de esperança. A depressão pode ser devastadora, mas não é uma sentença definitiva. Com o tratamento adequado, apoio e autocuidado, é possível recuperar a qualidade de vida e voltar a enxergar o sol, mesmo após longos períodos de céu nublado.
Se você ou alguém que conhece está enfrentando sintomas de depressão, saiba que não está sozinho. Buscar ajuda é o primeiro passo para a recuperação. Portanto, não se culpe, não se isole. Falar sobre o que sente, procurar um psiquiatra ou psicólogo, iniciar um tratamento — tudo isso é sinal de coragem e de amor-próprio.
Aqui no Instituto Alceu Giraldi, estamos prontos para caminhar ao seu lado, oferecendo as melhores opções de tratamento, incluindo a Estimulação Magnética Transcraniana, e um olhar humano e acolhedor.
Cuide da sua mente. Valorize sua vida. A tristeza pode ser passageira, mas a depressão precisa de atenção e cuidado. E, acima de tudo, lembre-se: sempre há esperança.