Conexão entre zumbido e saúde mental no Tinnitus Day Talk 2025

O zumbido no ouvido vai muito além de um simples incômodo auditivo. Durante o Tinnitus Day Talk 2025, a psiquiatra Dra. Tamara Saba apresentou descobertas sobre como esse sintoma se conecta com nossa saúde mental, revelando um cenário que muitos profissionais ainda subestimam.

A Dra. Tamara Saba, que atua como psiquiatra no Instituto Alceu Giraldi em São Caetano do Sul, trouxe uma perspectiva revolucionária sobre o tema “Sofrimento psíquico no paciente com zumbido: Um sinal de alerta subestimado“. Dessa forma, neste texto abordaremos as principais descobertas apresentadas pela nossa especialista, os mecanismos neurobiológicos envolvidos e como você pode identificar quando o zumbido requer acompanhamento psiquiátrico especializado.

Caso queira assistir a palestra completa da Dra. Tamara, acesse aqui.

O preconceito que atrasa o tratamento

Você já parou para pensar por que tantas pessoas com zumbido demoram para buscar ajuda psiquiátrica? A Dra. Tamara Saba explica que ainda existe um grande estigma em relação à psiquiatria, especialmente quando o sintoma principal parece ser “apenas” auditivo.

Muitas vezes, o paciente enfrenta ansiedade e depressão relacionadas ao zumbido, mas hesita em procurar um psiquiatra. Essa resistência acaba prolongando o sofrimento desnecessariamente. Entretanto, compreender que problemas auditivos podem ter componentes emocionais importantes é o primeiro passo para um tratamento mais eficaz.

Nós, profissionais de saúde, precisamos quebrar essa barreira e mostrar que cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Afinal, ambos estão intimamente conectados, não é mesmo?

O ciclo que intensifica o sofrimento

A psiquiatra apresentou um conceito chamado “ciclo audiolímbico“. Imagine um círculo onde o zumbido gera ansiedade, e a ansiedade intensifica a percepção do zumbido. Esse processo acontece porque nosso cérebro interpreta o som como uma ameaça, ativando o sistema límbico responsável pelas emoções.

Consequentemente, áreas cerebrais como a amígdala, hipocampo e córtex pré-frontal começam a trabalhar de forma alterada. Esses neurônios sofrem mudanças plásticas, criando uma “memória negativaque faz o cérebro focar ainda mais no zumbido. É como se nossa mente aprendesse a dar atenção excessiva ao som indesejado.

Portanto, quanto mais tempo esse ciclo permanece ativo, mais difícil se torna quebrar o padrão. A boa notícia é que, com o tratamento adequado, conseguimos reverter esse processo gradualmente.

Quando o zumbido se torna um transtorno

Nem todo zumbido representa um problema psiquiátrico. A psiquiatra Dra. Tamara Saba fez uma distinção importante entre o zumbido comum e o que chamamos de “transtorno pelo zumbido”.

O transtorno ocorre quando o zumbido se associa a disfunções emocionais, cognitivas ou ativação autonômica. Isso significa que o paciente apresenta mudanças comportamentais significativas e incapacidade funcional. Você consegue trabalhar, se relacionar e dormir normalmente mesmo com o zumbido? Se a resposta for não, talvez seja hora de buscar ajuda especializada.

Além disso, pesquisas recentes de 2025 mostraram que pacientes mais emocionalmente afetados pelo zumbido apresentam scores elevados de sintomas depressivos e pior qualidade do sono. Esses dados reforçam a importância de um olhar integrado sobre o problema.

Sinais de alerta para buscar ajuda psiquiátrica

Como saber quando é necessário acompanhamento com um psiquiatra especializado? A Dra. Tamara destacou quatro principais situações que merecem atenção especial.

Primeiro, a depressão pode se manifestar de forma sutil. Você perdeu o prazer em atividades que antes gostava? Sua motivação para o autocuidado diminuiu? Esses podem ser sinais de anedonia, um sintoma característico da depressão que frequentemente acompanha o zumbido crônico.

Em segundo lugar, a ansiedade relacionada ao zumbido vai além do nervosismo normal. Quando causa prejuízo real na vida diária, com possíveis crises ansiosas, palpitações e sensação de desastre iminente, é hora de buscar ajuda profissional.

Terceiro, traumas anteriores podem intensificar a percepção do zumbido. Todos nós temos experiências traumáticas em nossas vidas, mas quando não são processadas adequadamente, podem amplificar o sofrimento atual. O trabalho multidisciplinar com psiquiatra e psicólogo se torna fundamental nessas situações.

Por último, alguns pacientes podem apresentar zumbido vocal ou musical, que precisa ser diferenciado de possíveis doenças psicóticas. A presença de crítica de morbidez, ou seja, o paciente reconhece que algo não está normal, geralmente indica que não se trata de uma psicose.

Tratamentos modernos oferecem esperança

A apresentação da Dra. Tamara incluiu um caso clínico de um homem de 65 anos com zumbido de difícil manejo. O paciente apresentava ansiedade e insônia prévias ao trauma acústico, o que complicou o tratamento inicial.

O sucesso veio através da combinação de psicoterapia e medicação antidepressiva moderna. A especialista utilizou um medicamento multimodal que atua em diferentes receptores cerebrais. Essa medicação oferece vantagens importantes, como não causar ganho de peso nem diminuição da libido, efeitos colaterais que frequentemente fazem pacientes abandonarem o tratamento.

Portanto, mesmo casos complexos podem ter desfechos positivos quando tratados com a abordagem adequada. A chave está na persistência e na combinação de diferentes estratégias terapêuticas.

A importância da abordagem multidisciplinar

Nós precisamos entender que o zumbido não é responsabilidade exclusiva do otorrinolaringologista. A psiquiatra Tamara Saba reforçou que o trabalho conjunto entre diferentes especialidades oferece os melhores resultados para o paciente.

Quando você busca tratamento para zumbido, considere uma equipe que inclua otorrinolaringologista, psiquiatra, psicólogo e outros profissionais conforme necessário. Essa abordagem integrada reconhece que somos seres complexos, onde aspectos físicos e emocionais se influenciam mutuamente.

Finalmente, a palestra da Dra. Tamara Saba no Tinnitus Day Talk 2025 iluminou um aspecto frequentemente negligenciado do zumbido: sua profunda conexão com nossa saúde mental. Reconhecer essa relação é o primeiro passo para tratamentos mais eficazes e uma melhor qualidade de vida para quem convive com esse sintoma desafiador.

Redação IAG

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