Como identificar uma crise de ansiedade?

A ansiedade é um dos desafios mais comuns enfrentados nos tempos atuais. É frequentemente mal compreendida, tanto por quem a vivencia quanto pela sociedade em geral. Por isso, quero desmistificar a ansiedade e a crise que atormenta muitas pessoas.

Gosto de dizer que em nossa sociedade acelerada, a ansiedade manifesta-se de formas variadas e afetando não apenas a mente, mas também o corpo. Dessa forma, reconhecer os sinais da ansiedade e entender suas nuances é o primeiro passo para aprender a conviver com ela de maneira saudável e produtiva. Por isso, este post é um convite para explorarmos juntos a ansiedade, identificando estratégias que podem ajudar a aliviar seus sintomas e melhorar significativamente a sua qualidade de vida.

Compreendendo a Ansiedade

A ansiedade é uma resposta natural do corpo ao estresse, uma espécie de alarme interno que soa quando nos sentimos ameaçados, pressionados ou enfrentamos uma situação desconhecida. Embora seja uma experiência humana universal, a maneira como cada um de nós vivencia a ansiedade pode variar enormemente, influenciada por fatores genéticos, experiências de vida, e até mesmo nossa saúde física.

Quero te convidar a explorarmos mais a fundo a ansiedade.

Ansiedade é um termo abrangente que inclui vários transtornos específicos, cada um com suas características e sintomas. Alguns dos tipos mais comuns incluem:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Que podemos caracterizara por preocupação e tensão crônicas, mesmo quando não há motivo aparente para isso.
  • Transtorno de Pânico: Envolve ataques de pânico repentinos e intensos, acompanhados por sintomas físicos avassaladores.
  • Transtorno de Ansiedade Social (TAS): O medo de situações sociais que podem resultar em humilhação, julgamento ou rejeição.
  • Fobias Específicas: Medo intenso e irracional de objetos ou situações específicas, como alturas, animais ou voar

Ainda podemos listar: Transtorno de Ansiedade de Separação, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Agorafobia, Ansiedade Induzida por Medicamentos ou Substâncias, Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica, entre outros.

As causas da Ansiedade

As causas da ansiedade são diversas, envolvendo uma combinação de elementos genéticos, ambientais e psicológicos. Gosto de elencar alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e são pontos que gosto de analisar em algumas consultas.

  • Histórico familiar: A ansiedade pode ter uma componente genética, tornando algumas pessoas mais predispostas a desenvolvê-la.
  • Experiências de vida: Sempre elenco traumas, abuso ou experiências negativas durante a infância ou em qualquer fase da vida como potencializadores do risco de ansiedade.
  • Condições de saúde: Algumas condições médicas ou o uso de substâncias podem provocar ou agravar os sintomas de ansiedade.
  • Estresse crônico: Períodos prolongados de estresse podem levar ao esgotamento emocional e aumentar a vulnerabilidade à ansiedade.

Esses são alguns exemplos de causas que são mais comuns aqui, mas podem haver outros como ambientes insalubres e exposições constantes a riscos, por exemplo.

Como identificar a crise de ansiedade?

Uma crise de ansiedade, também conhecida como ataque de pânico, é um episódio de intensa ansiedade ou medo que surge abruptamente e atinge seu pico em poucos minutos. Por isso, esses episódios podem ser extremamente alarmantes, tanto para quem os experimenta quanto para quem está por perto. Dessa forma, gosto de ressaltar que compreender como identificar uma crise de ansiedade é crucial para saber como agir quando ela ocorre.

Primeiramente, entenda que ela pode ocorrer sem um gatilho aparente ou como resposta a um estressor específico. Diferentemente da ansiedade geral, que pode ser persistente e difusa, uma crise de ansiedade é aguda, com sintomas que se manifestam fisicamente de maneira intensa e muitas vezes, sobrecarregando o corpo e a mente da pessoa.

Alguns sintomas da crise de ansiedade:

  • Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado
  • Sudorese
  • Tremores ou abalos
  • Sensação de falta de ar ou sufocamento
  • Sensação de engasgo
  • Dor ou desconforto no peito
  • Náusea ou desconforto abdominal
  • Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
  • Calafrios ou ondas de calor
  • Parestesias (sensações de formigamento ou dormência)
  • Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (estar desconectado de si mesmo)
  • Medo de perder o controle ou “enlouquecer”
  • Medo de morrer

Porém, qual a diferença entre ansiedade e ataque de pânico?

Ansiedade x Ataque de Pânico

Embora os termos ansiedade e ataque de pânico sejam frequentemente usados de forma intercambiável, quero ressaltar que são experiências diferentes uma da outra.

Enquanto a ansiedade geralmente se refere a uma preocupação persistente, medo ou nervosismo sobre eventos futuros, com sintomas que se acumulam gradualmente, o ataque de pânico já atua diferente. A crise de ansiedade, como colocamos aqui, é um episódio súbito e intenso de medo ou desconforto acompanhado por sintomas físicos e emocionais agudos, que atingem um pico rapidamente e tendem a diminuir após alguns minutos ou até horas.

Por isso, para tratar dessas patologias mentais, ressalto que são usadas estratégias diferentes. Tanto medicamentosas, quando necessário, quanto em relação a hábitos e ambientes.

Como ajudar alguém com crise de ansiedade?

Quando se trata de ajudar alguém durante uma crise de ansiedade ou ataque de pânico, é fundamental adotar uma abordagem calma, compreensiva e de apoio. Por isso, ressalto sempre que não adianta ir apoiar uma pessoa em crise, sendo que você não consegue lidar com a crise da outra pessoa. Se você se envolver com a energia do momento e se perder nas suas emoções, isso é prejudicial para você, mas pode piorar a situação da outra pessoa.

Assim, antes de listar algumas estratégias e dicas, quero que você se lembre de algumas coisas importantes. Por exemplo:

  • Evite clichês: Frases como “é só na sua cabeça” ou “tente não pensar nisso” podem parecer minimizadoras, mas não surtem nenhum efeito e ainda atrapalham a pessoa.
  • Respeite os limites: Recomendo sempre que pergunte à pessoa como você pode ajudar em vez de assumir o que ela precisa. Você sempre estará vendo sob sua ótica do problema, aqui precisa escutar, acolher e fazer o que a pessoa solicita.
  • Escute sem julgar: Permita que a pessoa fale sobre seus sentimentos e experiências sem interromper ou minimizar o que ela está passando. Dessa forma, seja o ouvido amigo e não o crítico. Isso só mostra que você está mais desesperado pelo outro do que ele mesmo.

Porém, o que você pode fazer para ajudar?

Estratégias para o momento de crise de ansiedade

Separei algumas estratégias que podem ser úteis tanto para a pessoa que está experienciando a crise de ansiedade quanto para quem está oferecendo ajuda. Confere essa lista:

  • Reconheça o que está acontecendo: Se você está tendo a crise de ansiedade ou ataque de pânico, reconheça o momento. Ao identificar o que está acontecendo com sua mente e seu corpo pode ajudar você a reduzir o medo do desconhecido e lidar com mais racionalidade a situação.
  • Técnicas de respiração: A melhor forma de voltar para si é usar a sua respiração. Tente respirar lentamente e profundamente, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. Isso pode ajudar a reduzir os sintomas físicos de pânico. Se você controla sua respiração, você consegue controlar todo seus sistema nervoso. Estude e se dedique a aprender isso, caso esteja enfrentando ansiedades com constância.
  • Pratique a atenção plena (mindfulness): Tente se concentrar no presente, observando o que você pode ver, ouvir, cheirar, tocar ou provar. Isso pode ajudar a diminuir a sensação de despersonalização ou desrealização. Aqui no Instituto Alceu Giraldi, nós temos um especialista em mindfulness, o Dr. Georges. Ele pode te ensinar e praticar algumas técnicas com você.
  • Mova-se: Eu acredito muito no poder do movimento no tratamento para ansiedade e depressão. Assim, para a crise de ansiedade não seria diferente. Por isso, se possível, caminhe ou faça algum tipo de movimento leve. O exercício físico pode ajudar a reduzir a tensão muscular e melhorar o humor. Além disso, ele te traz para o momento presente.
  • Sua calma ajuda: Mantenha a calma! Sim, manter a calma ajuda a pessoa que está em crise de ansiedade a espelhar os seus sentimentos e emoções. Muitas vezes o que a pessoa em crise precisa é apenas uma pessoa ao lado, calma, que a acolha. Isso já pode ser mais do que o suficiente.
  • Encontre um ambiente confortável: Procure um lugar tranquilo e seguro. Assim, você acalma seu sistema nervoso. Se estiver ajudando uma pessoa e ver que está em um ambiente barulhento ou caótico, tente ajudar a pessoa a se mover para um ambiente que traga mais paz e tranquilidade.

São algumas dicas interessantes e espero que te ajudem, assim como ajudam muitos pacientes que acabam entrando em crise. Esse autodomínio é progressivo e exercitado evento após evento.

Ajuda após a crise de ansiedade

Após um evento, recomendo a busca por um profissional da saúde mental para te ajudar na avaliação da sua crise e traçar estratégias para que ela não se repita com facilidade. Por isso, reconheça que precisa de ajuda e não deixe essa situação ficar sobre você. A ansiedade por si só já atrapalha nossa qualidade de vida, agora esses eventos de crise podem ser bem impactantes (e até catastróficos).

Sei que pode nem ter controle naquele momento, mas ao recuperar sua consciência escolha cuidar de você. Infelizmente o impacto vai além da sua saúde mental e ainda pode reverberar em pessoas próximas.

Cuidar de você é uma ato de amor.

Se este texto fez sentido e quer uma ajuda do Instituto Alceu Giraldi, acesse os links abaixo:

>> Tratamento para Ansiedade, conheça aqui.
>> Consultas Psiquiátricas, acesse aqui.
>> Dr. Thiago Dias, saiba mais sobre ele aqui.

Dr. Thiago Dias

Dr. Thiago Dias

Médico Psiquiatra, Terapeuta Gestalt e Co-fundador do Instituto Corpo & Mente. Após muitos anos trabalhando com patologias mentais e ajudando seus clientes a voltarem para sua vidas, compreendeu que o sucesso de seus pacientes acontece quando olham para a saúde, qualidade de vida e bem-estar. Assim, facilitando o tratamento e remissão.

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