EMT e autismo: quando a neurociência encontra a esperança

Imagine seu filho autista começando a falar e a se comunicar. Um menino que vinha para a clínica em silêncio, agora chega cantarolando, conversa com as secretárias e sai sorrindo. Seus pais agora chegam felizes e esperançosos com o futuro do filho. Isso acontece nas famílias que escolhem ter suporte de profissionais qualificados.

Porém, uma das coisas que ajuda muito é a Estimulação Magnética Transcraniana, conhecido como EMT, um procedimento que temos aqui na clínica que em poucas sessões, ativa áreas do cérebro específicas e ajuda nos estímulos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

É claro que eu posso contar mais casos aqui, porém quero te explicar como funciona o EMT com TEA.

O que é EMT?

A Estimulação Magnética Transcrâniana é uma técnica não invasiva que utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro. Enxergo essa tecnologia como uma ponte entre a neurociência moderna, a psiquiatria e as necessidades reais das famílias que convivem com o autismo.

Sala de EMT – Estimulação Magnética Transcraniana

Funciona assim: colocamos uma bobina magnética sobre o couro cabeludo, que gera pulsos magnéticos capazes de atravessar o crânio e ativar neurônios em regiões específicas do cérebro. É como dar um “despertar” para áreas que estão funcionando abaixo do seu potencial. É uma aplicação indolor, sem nenhuma invasão, supervisionada e aplicada por médico. Todo o processo é leve, se for adulto a pessoa já pode até sair dirigindo.

Esse “despertar” é uma ativação que é feita com o impulso magnético. Então, uma área que está dormente ganha estímulo para começar a ser estimulada de maneira natural, conforme os dias passam essa ativação vai ficando cada vez mais presente. Depois das rotinas de EMT, é natural a pessoa manter essa região, por exemplo da fala, em funcionamento.

Dessa forma, posso afirmar que a EMT é promissor no tratamento do TEA porque consegue estimular áreas relacionadas à comunicação, interação social e controle de comportamentos repetitivos.

Como funciona uma avaliação psiquiátrica e neurológica para EMT

Antes de iniciarmos qualquer tratamento com EMT, realizamos uma avaliação completa e criteriosa. Aqui na clínica, acredito que cada pessoa com autismo é única, e por isso nossa abordagem precisa ser igualmente individualizada.

Avaliação psiquiátrica

Durante a consulta psiquiátrica, converso detalhadamente com a família sobre o histórico do paciente, os desafios atuais e os objetivos que esperamos alcançar. Avalio questões como níveis de ansiedade, padrões de comportamento, capacidade de comunicação atual e possíveis comorbidades que podem estar presentes.

É fundamental entender o nível de suporte que a pessoa necessita e como o autismo se manifesta especificamente naquele indivíduo. Cada família traz uma história única, e escuto atentamente essas particularidades para personalizar o tratamento.

Gosto de salientar que a avaliação não é só sobre o autista, mas por toda família envolvida. Pois, é importante que todos abracem o tratamento, observem as mudanças e evoluções.

Avaliação neurológica

A avaliação neurológica complementa nossa compreensão sobre o funcionamento cerebral do paciente. Verificamos reflexos, coordenação motora, função sensorial e outros aspectos neurológicos que podem influenciar a resposta à EMT.

Por isso, essa etapa é crucial para garantir que não existam contraindicações ao procedimento e para mapear as melhores áreas cerebrais a serem estimuladas em cada caso específico.

Avaliação para EMT

Especificamente para a EMT, realizamos uma análise detalhada das áreas cerebrais que serão alvo do tratamento. Utilizamos protocolos científicos estabelecidos, mas sempre adaptados às necessidades individuais de cada paciente.

Conversamos sobre expectativas realistas, cronograma de sessões e como a família pode potencializar os resultados em casa. Vejo essa conversa como fundamental para o sucesso do tratamento.

Como é o dia a dia

Como é o dia de terapia com EMT?

O dia de EMT aqui na clínica é pensado para ser o mais acolhedor possível. Começando desde a recepção por nossa equipe até uma conversa inicial para avaliarmos como foi o período desde a última sessão. Dessa forma calibrando expectativas e resultados.

A sessão em si dura cerca de 20 a 30 minutos. O paciente fica confortavelmente sentado enquanto posicionamos a bobina magnética sobre as áreas cerebrais específicas. Durante o procedimento, muitos pacientes conseguem assistir desenhos, ouvir música ou até mesmo conversar.

Por isso, podemos afirmar que a EMT se integra naturalmente à rotina da pessoa com autismo, sem causar estresse adicional. Pelo contrário, muitos pacientes demonstram ansiedade positiva para vir às sessões, associando o ambiente da clínica a algo prazeroso.

O protocolo geralmente envolve sessões regulares ao longo de algumas semanas, sempre com acompanhamento próximo da evolução e ajustes quando necessário.

Benefícios que o TEA e a família podem ter

Os resultados que observo com a EMT no autismo são realmente impressionantes. Aquele menino que mencionei no início é apenas um exemplo de como essa tecnologia pode transformar vidas inteiras.

Os benefícios mais comuns incluem melhora significativa na comunicação verbal e não verbal, redução de comportamentos repetitivos e estereotipados, maior capacidade de interação social e diminuição da ansiedade. Muitas famílias relatam que seus filhos passaram a demonstrar mais afeto, fazer contato visual e até mesmo desenvolver senso de humor.

Para a família, os benefícios são igualmente transformadores. Pais que chegavam à clínica carregados de preocupação, agora compartilham conquistas diárias: a primeira palavra clara, o primeiro “eu te amo”, a primeira pergunta espontânea. Como médico e psiquiatra, isso para mim, não tem preço. É contagiante e reflete a minha vontade de ter mais pacientes com resultados como estes.

Por isso, acredito que a EMT representa uma nova esperança para famílias que convivem com o autismo. Não é uma cura mágica, mas sim uma ferramenta científica poderosa que, combinada com outras terapias e amor familiar, pode abrir portas que antes pareciam impossíveis.

Se você tem um filho no espectro autista e sente que ele pode se beneficiar dessa abordagem, eu te convido a nos procurar e entender como o tratamento funciona. A ciência médica, a psiquiatria e a neurociência avançam rapidamente, e hoje temos recursos que podem fazer a diferença real na vida de vocês.

O investimento no desenvolvimento do seu filho é o melhor presente que você pode dar para toda a família. E quando vejo aquele sorriso no rosto dos pais ao ouvir a voz do filho, posso afirmar: esse foi o melhor investimento para a clínica e para as famílias que atendemos.

Dr. Thiago Dias

Dr. Thiago Dias

Médico Psiquiatra, Terapeuta Gestalt e Co-fundador do Instituto Alceu Giraldi. Após muitos anos trabalhando com patologias mentais e ajudando seus clientes a voltarem para sua vidas, compreendeu que o sucesso de seus pacientes acontece quando olham para a saúde, qualidade de vida e bem-estar. Assim, facilitando o tratamento e remissão.

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