Ansiedade, até quando é normal?

A ansiedade faz parte da nossa vida, quando estamos diante uma situação que nos deixa preocupado, inseguro ou com medo, fisiologicamente ativamos em nosso cérebro a amígdala, ela é responsável em nos manter em alerta contra os perigos Sistema Nervoso Parassimpático (SNS) . 

Ansiedade Normal

Se temos um evento importante, exemplo:  uma apresentação, onde os diretores estarão presentes, é absolutamente natural, ficarmos preocupados, para fazer uma boa apresentação. Essa preocupação nos enche de energia (hormônios do cortisol) e nos prepara para enfrentar um desafio. Eustress: ajuda a nos impulsionar para agir, seja para cumprir uma tarefa, enfrentar um desafio ou atingir uma meta, gera motivação, crescimento e satisfação. E com o Eustress enfrentamos a situação, mesmo com medo. Faz parte da nossa evolução, ultrapassar os desafios.

Já o estresse gera ansiedade, frustração e exaustão. Exemplo: Excesso de pressão no trabalho, relacionamentos conturbados, levando ao esgotamento físico e mental. (SNS) hipervigilância, levando ao esgotamento.

Quando passamos por situações traumáticas ou de estresse por longo período. Nosso Sistema Nervoso fica em desequilíbrio. Levando a ansiedade patológica, depressão e outros transtornos.

Exemplo:

Uma criança, tinha um Pai alcoólatra,  sofreu violência física e emocional repetidamente. Quando uma criança passa por essa situação se não tratada adequadamente, abre-se uma ferida emocional, por conta das marcas psicológicas profundas.

Quando esse adulto começa a se relacionar com alguém que lembre o Pai em seus aspectos negativos, essa pessoa ativa o mecanismo de alerta, (SNS) hipervigilância, como se  estivesse constantemente ameaçada e desamparada, mesmo anos depois de ter passado por essa situação vulnerável. Ou mesmo uma situação que gere incerteza com o futuro, nos causa preocupação e medo.

A amígdala do (SNS) fica a maior parte do tempo ativada, sentindo a preocupação e medo constantes, mesmo em situação de segurança.  O tratamento, além de psicológico, também deve ser fisiológico.

Sintoma Emocional: Ansiedade Tóxica

• Ativação constante do sistema de luta ou fuga (SNS): Mesmo quando está em um ambiente seguro, o corpo permanece em alerta, com os níveis de cortisol (hormônio do estresse) constantemente elevados. Isso resulta em uma hipervigilância crônica, onde qualquer sinal de ameaça, mesmo menor, desencadeia reações de medo extremo.
• Reatividade exagerada: Pequenos imprevistos ou até mesmo certas palavras ou cheiros podem desencadear reações físicas e emocionais intensas, como taquicardia, suor, tremores, crises de pânico ou raiva. Isso ocorre porque o sistema nervoso foi treinado a reagir a qualquer possível ameaça. Mesmo estando em um lugar “seguro”.
• Não consegue relaxar A pessoa pode ter dificuldade para dormir, pois o sistema nervoso autônomo continua ativo, impedindo o relaxamento. Mesmo durante o sono, pesadelos recorrentes sobre o abuso podem surgir, fazendo com que ela acorde várias vezes à noite, exacerbando o estresse e o cansaço. Ou seja, a pessoa não consegue relaxar na maior parte do tempo.
• Preocupado na maior parte do tempo: Estar preocupado na maior parte do tempo pode ser um sintoma de ansiedade generalizada ou estar relacionado a situações de estresse crônico. A ansiedade, quando constante, desregula o sistema nervoso de forma semelhante ao TEPT, mantendo o corpo e a mente em um estado de alerta constante.
• Medo na maior parte do tempo – Evitação: Para tentar reduzir o medo, a pessoa evita e foge de certas situações, lugares ou atividades que acredita poderem desencadear essas sensações, o que pode afetar sua vida social, profissional e pessoal.
• Pensamentos intrusivos: A pessoa fica presa em um ciclo de preocupação, pensando repetidamente em situações que podem ou não ocorrer, como problemas financeiros, saúde, relacionamentos, ou até mesmo questões cotidianas. Esse estado de alerta constante esgota a capacidade do cérebro de se concentrar em outras tarefas e gera fadiga mental.

Estes exemplos ilustram como a ansiedade tóxica  pode causar uma desregulação severa do sistema nervoso fisiológico, com efeitos que vão além do trauma psicológico e afetam profundamente o funcionamento físico e emocional.

Com mais de 15 anos atuando na clínica, procurei o que existe de mais atual para trabalhar com a ansiedade patológica,  Mindfulness é uma abordagem terapêutica eficaz no manejo de estresse, ansiedade e traumas.

Mindfulness é Padrão Ouro no tratamento da Ansiedade

Mindfulness é a prática de focar intencionalmente no momento presente, com aceitação e sem julgamentos. Essa técnica ajuda  a desenvolver consciência plena dos seus pensamentos, sensações e emoções, o que promove uma relação mais saudável com o estresse e o medo.

Benefícios do Mindfulness:

• Redução do estresse: Ao trazer a atenção para o aqui e agora, a prática de mindfulness reduz a ruminação e o excesso de pensamentos negativos que alimentam a ansiedade e o medo. Ela ensina a observar as emoções e sensações sem se envolver demais ou reagir de forma impulsiva, ajudando a desacelerar a ativação contínua do sistema nervoso simpático (SNS).
• Regulação emocional: A prática contínua de mindfulness ajuda a regular emoções difíceis, promovendo a capacidade de lidar com sentimentos de medo, insegurança e estresse sem entrar em pânico. O simples ato de focar na respiração ou nas sensações corporais pode ativar o sistema nervoso parassimpático, responsável pelo relaxamento e pela recuperação do corpo.
• Diminuição da reatividade: O mindfulness nos ensina a responder com consciência, em vez de reagir, às situações estressantes. Isso significa  desenvolver uma maior capacidade de pausa e avaliar as emoções antes de agir, reduzindo a intensidade do medo e das respostas automáticas.
• Melhoria da atenção e clareza mental: Através da prática, podemos aprimorar a capacidade de foco e atenção, o que ajuda a enfrentar desafios com mais calma e clareza, convertendo experiências potencialmente estressantes em oportunidades de estresse positivo e produtivo.

Essa abordagem pode ser usada de forma complementar à psicoterapia, para ajudar no gerenciamento do  medo, ansiedade e estresse, tanto em casos de traumas graves quanto em situações de estresse crônico, promovendo maior resiliência e bem-estar.