Como as Redes Sociais estão prejudicando sua Saúde Mental

As redes sociais estão transformando radicalmente a forma como interagimos com o mundo. Milhares de pessoas passam mais horas conectadas com seus dispositivos do que tendo relacionamentos próximos, observando seus arredores e tendo a verdadeira experiência da vida. Além disso, as novas gerações (e diversos idosos) estão utilizando as redes sociais como forma de expressão, conexão e única forma de compartilhamento de ideias. Dessa forma, perdendo as conexões vitais que são essenciais para nutrir nossa mente de tempo de qualidade.

A tendência é que a tecnologia avance e mais dispositivos fiquem conectados entre nós. Assim, sendo extremamente importante nós usuários das redes sociais e tecnologias ficarmos atentos ao nosso uso.

Eu já falei anteriormente sobre Nomofobia e o vício de ficar conectado o dia inteiro. Além disso, o prejuízo causado pelo excesso de conexão que impacta não só os relacionamentos, mas produtividade no local de trabalho, a própria diversão e principalmente a sensação de felicidade. Essa última julgo que a cada tempo nas redes sociais, elas se distanciam do usuário, por fatores de comparação, por exemplo.

Por isso, acho importante trazer neste post, informações importantes sobre o impacto das redes sociais e porque as próprias tecnologias estão dando alertas como: excesso de uso, tempo de uso, uso enquanto dirige, etc.

Vamos nos aprofundar?

O Impacto das Redes Sociais na Percepção de Si Mesmo

Em um mundo cada vez mais digitalizado, as redes sociais se tornaram, infelizmente, um espelho através do qual muitos de nós medimos nosso valor e sucesso. Dessa forma, a quantidade de curtidas, comentários e compartilhamentos, se tornam mais importantes do que a presença de um amigo, um momento em família ou o observar da vida. Assim, posso dizer que a rede social atua como um espelho e esse espelho começa a distorcer a realidade. Será? Vamos analisar.

A Era da Comparação Constante

A exposição diária a feeds repletos de conquistas, viagens e momentos felizes de amigos e influenciadores pode levar a uma comparação constante e, muitas vezes, injusta. Pois, essa comparação não é apenas sobre os aspectos tangíveis da vida, mas também sobre a felicidade percebida, sucesso e estilo de vida. Que infelizmente, muitas vezes são irreais e são produzidos pelo fim de alimentar a rede social.

O problema com a rede social surge quando começamos a usar essas comparações como uma régua para medir nosso próprio valor, frequentemente concluindo que estamos aquém do esperado. Dessa forma, ignorando a trajetória e a história da pessoa em seu feed e a sua própria. Neste caso, a comparação afeta negativamente sua saúde mental e faz muitas pessoas reduzirem sua ação na vida, pois estão se comparando com outros.

A Distância entre Realidade e Representação

Nas redes sociais, é comum que as pessoas apresentem apenas os aspectos mais brilhantes e positivos de suas vidas, omitindo as lutas e desafios cotidianos. Dessa forma, essa representação seletiva pode criar uma percepção distorcida de que todos ao nosso redor estão vivendo vidas perfeitas, exceto nós. O impacto dessa percepção na autoestima pode ser profundo, levando a sentimentos de isolamento, inadequação e até desesperança.

É importante você saber que as redes sociais trazem fragmentos da realidade, do dia-a-dia das pessoas e apresentam somente o lado bom das coisas. Pois, até o lado ruim, é apresentado como momentos de clareza, dicas importantíssimas, aprendizados, etc. Não vemos pessoas postando coisas ruins, momentos dolorosos. Até mesmo pacientes que sofrem com depressão, ansiedade e até outros distúrbios, possuem redes sociais onde sua felicidade é exaltante. Por isso, sempre gosto de refletir sobre postar e celebrar a vida, mas ficar atento à distorção da realidade e o ato de representar um personagem e não ser você mesmo.

O Fenômeno do “Eu Digital”

O “eu digital” é uma versão idealizada de nós mesmos que muitos tendem a criar e cultivar nas redes sociais. Enquanto a curadoria de uma persona online pode começar como uma forma inofensiva de expressão, ela pode rapidamente se transformar em uma fonte de pressão para manter uma imagem que pode não refletir a realidade. A discrepância entre o “eu digital” e o “eu real” pode causar uma dissonância interna. Dessa forma, afetando a forma como nos vemos e interagimos com o mundo. Por isso, se pesquisar verá centenas de casos de influencers e artistas com transtornos por causa da incoerência entre o “eu digital” e o “eu verdadeiro”.

Impacto na Autoestima e Autoimagem

A constante necessidade de validação através de curtidas, comentários e compartilhamentos pode se tornar uma armadilha. Assim, a autoestima passa a depender dessas métricas digitais. Dessa forma, fazendo com que qualquer diminuição na interação online seja interpretada como uma diminuição do próprio valor pessoal. Além disso, a pressão para se encaixar em padrões estéticos e de comportamento promovidos nas redes sociais pode levar a uma insatisfação crônica com a própria imagem e identidade.

Assim, sendo sempre importante avaliar o impacto que algumas rolagens de feed pode ter no seu dia-a-dia. Aqui, já pude observar pessoas rolando o feed e sua vontade de agir reduzir, sua fisiologia atrofiar de forma automática e imperceptível para o usuário. É um cuidado de autoconsciência constante!

Redes Sociais são o mal do século?

Negativo. Aliás, nada mais longe da verdade. As redes sociais são locais onde podemos matar a saudade de pessoas que estão longe, compartilhar aquilo que gostamos, encontrar nossa “tribo” e pertencer a um grupo de pessoas que pensam de forma igual. Além disso, é um momento de distração, descobrir coisas novas — seja pelos compartilhamentos ou pelos anúncios —, até aprender novas habilidades, por exemplo.

O que é errado? A falta de consciência sobre e durante a utilização dos aplicativos de redes sociais. Gosto de dizer que o erro está na forma como usamos e quais mensagens enviamos para nós mesmos, durante o uso. Assim, eu sugiro aos meus pacientes e a você analisar o seu uso de Redes Sociais. Analise o tempo, e como você se sente após rolar o feed. Dessa forma, analisando se precisa sair um pouco das redes sociais e tecnologias para ver o mundo ou se precisa mudar quem você segue e interage.

A Influência das Redes Sociais nas Relações Interpessoais

As redes sociais prometeram revolucionar nossas vidas, conectando-nos com amigos e família ao redor do mundo em questão de segundos. No entanto, enquanto navegamos por essa era digital, surge uma questão pertinente: as redes sociais estão realmente nos aproximando ou, paradoxalmente, aumentando a distância entre nós? Essa pergunta já foi tema de congressos, discussões entre especialistas da saúde mental como psiquiatras e psicólogos.

Conexões Superficiais x Relações Significativas

A facilidade de interação nas redes sociais muitas vezes cria uma ilusão de conexão. Podemos ter milhares de “amigos” online, mas quantos desses relacionamentos são genuínos? Assim, gosto de ressaltar que a natureza efêmera e superficial das interações digitais pode, de fato, minar a profundidade e a qualidade das nossas relações interpessoais. Dessa forma, em vez de fortalecer laços, corremos o risco de nos contentar com conexões superficiais, que pouco contribuem para nosso bem-estar emocional.

A Dualidade da Conectividade Online

Enquanto as redes sociais podem oferecer uma sensação de pertencimento, elas também podem isolar. O constante bombardeio de atualizações de outros pode levar a sentimentos de exclusão e solidão, especialmente quando nos comparamos com os momentos felizes compartilhados por outros. Assim, esse paradoxo da conectividade — onde estamos ao mesmo tempo conectados e isolados — reflete uma das ironias mais profundas da era digital.

Portanto, aqui cabe a reflexão sobre a distância que possui entre você e seus amigos, colegas e família. Será que estão um alcançando o outro? Ou será que estão se isolando acreditando que apenas algumas imagens e vídeos são suficientes para manter uma relação?

O Impacto na Comunicação

A prevalência da comunicação digital tem impactos perceptíveis nas habilidades de comunicação. A sutileza das expressões faciais, o tom de voz e a linguagem corporal — nuances cruciais da comunicação humana — são perdidos em textos e posts. Além disso, estes estão cada vez mais superficiais, com escritas erradas e estão sendo trocados por figurinhas e emojis numa tentativa de expressão.

Outro fator importante é que isso pode levar a mal-entendidos e a uma diminuição da empatia. Portanto, nos tornamos menos hábeis em interpretar e responder às emoções dos outros no mundo real. Uma mensagem que poderia ser cheia de sentimentos é recebida de forma vazia e sem significado.

“Cultura do Cancelamento” e Comparação Social

As redes sociais também deram origem à “cultura do cancelamento”, um fenômeno onde indivíduos ou grupos são rapidamente banidos ou criticados publicamente. Essa cultura pode criar um ambiente online tóxico, onde o medo de dizer algo “errado” inibe a expressão autêntica e a discussão aberta. Além disso, reforço que a constante comparação social, alimentada por uma enxurrada de imagens e atualizações idealizadas, pode deteriorar a autoestima e aumentar sentimentos de inadequação.

Reconstruindo Relações Autênticas

Para contrabalançar esses efeitos, é vital cultivar relações autênticas tanto online quanto offline. Isso significa priorizar a qualidade sobre a quantidade de conexões, buscando interações mais significativas e profundas. Outro ponto importante é desenvolver uma consciência crítica sobre o impacto das redes sociais em nossas relações e trabalhar ativamente para fortalecer a comunicação e a empatia no mundo real. Aliás, por isso que compartilho este post.

Redes Sociais: Ansiedade, Sono e Dependência

Além de tudo que comentei anteriormente, ainda emergem desafios significativos que afetam não apenas como nos vemos e nos relacionamos uns com os outros, mas também como nos sentimos internamente e como gerenciamos nossa saúde mental e física. Vamos explorar rapidamente a ansiedade, o sono e, claro, a dependência.

Ansiedade e o Medo de Estar Perdendo (FOMO)

A sensação constante de que algo importante ou emocionante está acontecendo em algum lugar do qual não fazemos parte pode ser esmagadora. Esse fenômeno, conhecido como “Fear of Missing Out” (FOMO), é exacerbado pelas redes sociais, onde a vida é frequentemente apresentada de forma idealizada e altamente selecionada. Esse bombardeio de experiências “perfeitas” pode levar a um aumento da ansiedade, à medida que lutamos para acompanhar ou nos medimos contra padrões inatingíveis.

Dessa forma, vejo muitos pacientes investindo para acompanhar as centenas de mudanças, compartilhamentos e comentários diários para não perder nada, estar sempre por dentro de tudo e por fim, tentando moldar suas vidas de acordo com a velocidade da internet. Assim, acredito que é impossível viver a própria vida e cada post se transforma em um gatilho para a ansiedade.

Impacto no Sono

A intrusão das redes sociais em nossas rotinas noturnas tem um efeito tangível na qualidade do nosso sono. Além da luz azul emitida pelos dispositivos eletrônicos que interfere na produção de melatonina, dificultando a capacidade de adormecer. Há principalmente o conteúdo estimulante ou perturbador encontrado nas redes sociais pode manter a mente em um estado de alerta, impedindo o relaxamento necessário para um sono reparador.

Inclusive esse é um tópico que tratamos dentro da nossa cartilha do sono. Confira aqui.

Dependência das Redes Sociais

A dependência das redes sociais é um fenômeno crescente, caracterizado por um desejo compulsivo de estar online e uma incapacidade de controlar o tempo gasto nessas plataformas. Semelhante a outras formas de dependência, o uso excessivo das redes sociais pode ter consequências negativas para a saúde mental, incluindo ansiedade, depressão e isolamento social. Os sinais de alerta incluem a necessidade de constantemente verificar notificações, a incapacidade de se desconectar e a interferência nas atividades diárias ou obrigações.

Estratégias para analisar sua vida nas Redes Sociais

Para mitigar os impactos negativos das Redes Sociais em nossas vidas, compartilho brevemente algumas estratégias podem ser adotadas:

  • Consciência e Controle: Tornar-se consciente do tempo gasto nas redes sociais e estabelecer limites claros pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o sono. Ferramentas de monitoramento de uso e aplicativos que limitam o tempo de tela podem ser úteis.
  • Rotinas de Desconexão: Estabelecer uma rotina noturna que exclua o uso de dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir pode melhorar significativamente a qualidade do sono. Inclusive sugiro retirar os aparelhos do quarto e substituir por uma leitura.
  • Foco na Vida Real: Investir tempo e energia em hobbies, interesses e atividades fora das redes sociais pode reduzir a dependência e promover um bem-estar geral. Quem está em atividade não tem tempo para ficar rolando feed e se engajando com a vida digital.
  • Busca de Apoio: Para aqueles que lutam contra a dependência das redes sociais, procurar apoio profissional pode ser um passo crucial para recuperar o controle. Por isso, ressalto a importância de ter alguém para ajudar como um psicólogo ou psiquiatra. Nós podemos ajudá-lo a retomar o controle da sua vida.

Quando procurar ajuda de um profissional da Saúde Mental?

A interação com as redes sociais é uma parte importante e quase que inescapável em nossa vida contemporânea. Além disso, a evolução constante das mídias e formas de engajamento serão constantes. Embora muitos consigam navegar pelo mundo digital mantendo um equilíbrio saudável, para outros, o impacto pode ser profundamente negativo. Dessa forma, afetando significativamente a qualidade de vida e a saúde mental.

Portanto, reconhecer as influências e os desafios é crucial para gerenciar o uso e nossas emoções. Por isso, resolvi trazer alguns sinais de alertas para identificar o impacto em nossa vida cotidiana.

Sinais de Alerta do Excesso de Redes Sociais

  • Ansiedade e Depressão: Se o uso das redes sociais está consistentemente associado a sentimentos de tristeza, ansiedade, ou se está contribuindo para o agravamento desses estados, é importante buscar apoio. Sendo aqui o apoio não são só para os transtornos de humor, mas também para análise do seu “eu real”, do seu relacionamento com as redes sociais e sua interação com o mundo digital e externo.
  • Impacto nas Relações e Atividades: Quando as redes sociais começam a interferir significativamente nas relações interpessoais, trabalho ou estudos, prejudicando a capacidade de manter compromissos ou interesses fora do ambiente virtual.
  • Alterações no Sono: Dificuldades em adormecer ou interrupções no padrão de sono podem ser indicativos de que o uso das redes sociais está afetando a saúde mental. Além disso, alterando seus padrões saudáveis de sono que é um dos principais pilares da saúde física, mental e emocional.
  • Sentimentos de Inadequação: Se a comparação constante com outros online está levando a sentimentos persistentes de inadequação, baixa autoestima ou insatisfação com a própria vida, é importante buscar ajuda. Um psicólogo, por exemplo, pode ajudá-lo a enxergar a realidade e distinguir o que é seu e suas potencialidades do que é do outro.
  • Dependência: A incapacidade de ficar longe das redes sociais, mesmo quando consciente dos impactos negativos, pode indicar uma dependência que necessita de intervenção profissional.

Buscando Ajuda

Procurar a ajuda de um psiquiatra, psicólogo ou outro profissional de saúde mental pode fornecer as ferramentas necessárias para entender e gerenciar o impacto das redes sociais na vida de uma pessoa. As consultas e terapias são eficazes no tratamento de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais, oferecendo estratégias para lidar com a dependência das redes sociais e melhorar a saúde mental.

Aqui no Instituto Alceu Giraldi, seja online ou presencial, temos uma equipe de psiquiatras e psicólogos especialistas em cuidar de vícios com redes sociais, ansiedade, FOMO, depressão e que te ajudarão a reorganizar e retomar o controle da sua vida. Assim, se tornando ativo da maneira correta nas redes sociais.

As redes sociais não são o problema…

As redes sociais fazem parte do nosso estilo de vida moderno, trazendo oportunidades de conexão e expressão. Porém, usada de forma errada podem trazer desafios para sua saúde mental. Por isso, é essencial analisar nossa interação com essas plataformas com uma mente crítica e com compromisso de autocuidado.

Portanto, isso inclui reconhecer os sinais do uso prejudicial para sua mente, emoções e até o físico. E, sendo corajoso e disposto para pedir ajuda para amigos, familiares e profissionais.

Lembre-se que as redes sociais são desenvolvidas para manter você “preso” nelas. Seus desenvolvedores são especialistas em engajamento e estímulos. Portanto, não sinta-se errado por abraçar as redes, porém saiba que há o momento certo de usar e que ela não pode ser o centro de sua vida. Combinado?

Se este texto surtiu algum tipo de efeito em ti e você precisa de ajuda, ficaremos muito felizes em te ajudar com seus desafios de saúde mental e relacionados ao uso das redes sociais.


Conheça mais o Instituto Alceu Giraldi.
Saiba mais sobre Psiquiatria.
Saiba como a Psicologia pode ajudar.
Conheça o Dr. Thiago Dias.

Dr. Thiago Dias

Dr. Thiago Dias

Médico Psiquiatra, Terapeuta Gestalt e Co-fundador do Instituto Corpo & Mente. Após muitos anos trabalhando com patologias mentais e ajudando seus clientes a voltarem para sua vidas, compreendeu que o sucesso de seus pacientes acontece quando olham para a saúde, qualidade de vida e bem-estar. Assim, facilitando o tratamento e remissão.

Leia outros artigos